Umas horas de Singapura

No dia 24 de junho de 2010 parti de Jacarta para Singapura para uns dias de férias. Hoje é dia 27 de junho. Ainda cá estou e estarei até 29 de junho.
Estou a gostar tanto desta cidade-país. Não a quero esquecer. Pressinto que não regressarei aqui, por isso escrevo. Escrevo.
A Luísa esteve comigo até hoje. Partiu há umas horas. Agora estou sozinha.
O hotel onde estou fica numa zona muito central: Lavender Street. Daqui, se com energia e algum fogo nos pés, posso chegar a pé ao centro, passando por áreas residenciais pitorescas, como a Little India e a Arab Quarter.
Quando cheguei, há 3 dias, fui com a Luísa em caminhada pelas ruas circundantes do hotel. Vinda  de uma cidade como Jacarta, senti-me imediatamente encantada e relaxada. Bebemos uma Tiger, a cerveja nacional, numa esplanada cheia de locais a beber o mesmo que nós. Por ali, encontrámos uma bela igreja católica, a Igreja de São José, fundada por portugueses vindos de Macau no século XIX.







No dia seguinte fomos ao Colonial District, que será como que o centro histórico da cidade, com seus edifícios imponentes neoclássicos da era colonial britânica. Um canal do rio Singapura divide aqui a cidade. Atravessámos uma das pontes (maciça e móvel) e fomos diretas ao fantástico Asian Civilisations Museum.


Um museu delicioso, de 3 pisos, que revela de uma forma muito interativa a história de toda a Ásia do Sueste, com especial enfoque no arquipélago malaio. Na Europa é raro encontrar museus como os que tenho encontrado pela Ásia: tão dinâmicos! Ali prevalece aquela concepção clássica e passiva de museu, como um mostruário. Neste museu, como no Museu Nacional de Singapura ou mesmo no Museu de Macau, há vida para além do e mesmo no material supostamente inerte que é exposto. Na verdade, a arte dialoga connosco e o museu assemelha-se a um parque de diversões do intelecto. Regressando ao Asian Civilisations Museum - a luminosidade é ténue e há um cuidado imenso para evitar o excesso de luz que poderá devassar uma obra de arte. Os jogos de luz e sombra tornam o ambiente inquietante e sedutor, e sentimo-nos noutro mundo. Há uma aura de sagrado, de precioso, de único e de terno - em cada peça exposta.

Há muitos recantos de descanso, acolhedores, onde podemos repousar enquanto continuamos a beber da fonte de conhecimento: por todo o museu há painéis audiovisuais que transmitem testemunhos de pessoas comuns da cidade ou lições de professores universitários sobre o tópico em questão naquela divisão do museu.
Depois de almoçarmos, apanhámos o metro e fomos até à Orchard Road - longa avenida de comércio, onde se encontram as lojas de alta costura e de marcas prestigiadas. Senti-me dentro do filme Blade Runner. Mastodônticos centros comerciais, futuristas, com suas fachadas em tela LED ou afins. Fomos ao Takashimaya, um centro comercial japonês, onde fica a maior livraria onde já estive: uma Kinokunya fantástica, onde deixei uns bons dólares. Passámos lá mais de 3 horas.
No regresso a casa, fomos ainda ao 70.º andar do Swissôtel - The Stamford Singapore, onde bebemos umas Kilkenny no bar City Space, com uma vista deslumbrante sobre a cidade. É uma construção desconcertante, e eu senti-me como que a flutuar dentro de uma bolha gigante suspensa no ar. É  mais ou menos assim que uma provinciana portuguesa se sente por certas cidades da Ásia...