Bali

Em Bali. Sim.
Já nem sei o que sinto. Estou relaxada e sabe-me bem viajar pela Indonésia, finalmente; mas sinto-me desligada de tudo, voluntariamente à  superfície das coisas - sem as aprofundar, como se à partida já soubesse que tudo isto cairá num grande esquecimento.
Bali é uma ilha muito verde, no seu misto de floresta exuberante com terra lavrada - arrozais extensos, por vezes em socalcos como as nossas vinhas do Douro, e cinematográficos.


Cada pequena vila tem vários templos, porque é tradição cada família ter o seu templo privado. Vemos, assim, templos de metro a metro, uns mais humildes outros mais sumptuosos, na sua pedra escura e imponente, com os seus altares que lembram pequenos espigueiros. Entrei num templo e recordei o Soajo, com a sua mítica rocha redonda povoada de espigueiros, que são como guerreiros contra o céu escuro.



Comparando com os templos hindus que vi na Tailândia, estes são bem mais simples, sem cores, austeros, como a governanta solteira de 45 anos de uma casa muito grande. Há um estrado, onde costuma estar quem tem o poder para ali se sentar, recitando orações e gerindo as oferendas. No chão, flores secando e com as quais se fará incenso.


As pessoas vivem tanto dos rituais, das pequenas atividades do templo - moldar as bases das oferendas em folha de bananeira seca;


colher as flores e deitá-las no chão para a secagem como às notas numa pauta de música; restaurar os altares; preparar a refeição comunitária, todos juntos...


Os homens usam o cabelo comprido apanhado num afirmativo rabo-de-cavalo, ou um modesto turbante na cabeça ou um lenço enrolado em jeito de fita sobre a testa. Lembram samurais. Algumas mulheres carregam sobre a cabeça pirâmides de flores e frutas, como a Carmen Miranda.


Será o afluxo constante e regular de turistas que provoca esta conservação das tradições? Será show-off?
Não sei, nem me apetece pensar sobre isso. Este é um bom sítio para não pensar, partilhando da alegria geral.